Pequenas cidades impulsionam ascensão de nova classe média
A redução da pobreza em municípios paranaenses está sendo acompanhada pelo aparecimento de uma classe C emergente, que já representa mais de 70% da população de algumas cidades
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Máximo de 500 caracteres (0) Enviar X fechar Municípios pequenos do Paraná estão se tornando reduto de uma classe média emergente, formada em parte por famílias que estão deixando a pobreza para melhorar suas condições de vida e ampliar seu potencial de consumo. Um estudo elaborado no ano passado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que 15 municípios paranaenses têm mais de 70% de sua população inserida na classe C, acima das camadas mais pobres e abaixo das mais abastadas. Em comum, há o fato de essas cidades apresentarem menos de 50 mil habitantes, estarem localizadas nas Regiões Norte e Oeste do estado e terem reduzido expressivamente o número de famílias pobres ao longo dos últimos dez anos.
CausasEnvelhecimento ajuda a explicar fenômeno
Dos 15 municípios paranaenses com os maiores porcentuais de famílias na classe C, 11 estão no Norte do estado, perto de Maringá. A explicação para essa concentração pode estar no desenvolvimento experimentado pela região nos últimos anos, impulsionado especialmente pela atividade agropecuária. O envelhecimento da população também ajuda a entender o fenômeno verificado nessas cidades e em outras quatro da região Oeste.
“Nossa região é próspera e a economia tem crescido muito nos últimos anos. Isso se alia ao conjunto de fatores que fazem com que a pobreza diminua e mais pessoas façam parte das classes consumidoras”, diz o professor Joilson Dias, da UEM. No fim do ano passado, ele já havia elaborado um estudo que apontou o crescimento da classe B em Maringá entre 2008 e 2011.
Sociólogo do Ipardes, Leonildo Pereira de Souza participou de um estudo sobre a redução da pobreza nos municípios paranaenses. De acordo com ele, um dos aspectos que podem explicar o panorama nos municípios com maior contingente da classe C é o envelhecimento de suas populações. Juntas, as 15 cidades registraram, entre 2000 e 2010, um índice de envelhecimento de 50,2% (pessoas com 65 anos ou mais). “Houve um aumento da população em idade ativa e uma diminuição do tamanho das famílias, logo, com menos dependentes, ocorre aumento da renda”, explica.
Em São Tomé, mais renda e menos pobrezaMaria Carolina Caiafa, da Gazeta Maringá
São Tomé, no Noroeste do Paraná, é um exemplo de município que conseguiu aliar o crescimento da classe média à redução da pobreza. Com 5,3 mil habitantes, a cidade tem 72,5% de sua população na classe C. Segundo um estudo do Ipardes, a parcela de famílias pobres caiu de 50,6% em 2000 para 13,5% em 2010.
Moradora de São Tomé, Rosa Nascimento realizou o sonho da casa própria em 2011. Ela continua quitando as parcelas, mas está aliviada por não ter de pagar aluguel. Além disso, teve outras melhorias nos últimos anos: comprou carro, começou a pagar um plano para juntar dinheiro para a faculdade da filha e deixou a sua residência mais confortável, com sofá novo, ar condicionado e tevê LCD de 42 polegadas. “Quando era pequena, não faltava comida na minha casa, mas nunca tive bonecas. Eu não tinha a quantidade de roupas e brinquedos que minha filha tem”, conta.
A renda da família de Rosa gira em torno de R$ 2,5 mil. Mas ela e o marido, Cláudio Nascimento, 46 anos, sempre buscam outras funções para aumentar esse valor. Nascimento ajuda Rosa no trabalho fixo dela, na cozinha de uma sorveteria, e ela faz limpezas, prepara alimentos em eventos e vende cosméticos para ganhar um “extra”.
Percepção
A maioria dos moradores de São Tomé que conversaram com a reportagem parece não perceber as melhorias no município. Na vida deles, as mudanças acontecem de forma gradativa. José Carlos Celestino, de 48 anos, trabalhou a vida inteira operando máquinas nas lavouras da região. Em 1999, comprou a casa própria, que já está quase quitada. Pagou parte do imóvel com o dinheiro do seguro desemprego, ao se desligar de uma das fazendas na qual trabalhou. “Com o salário não dava para comprar”, explicou ele.
A melhora na vida de Lucimara Peinada, 44 anos, é expressa na compra, em 2011, de alguns eletrodomésticos como televisão, geladeira e DVD. Lucimara cuidou dos quatro filhos e dos cinco netos com o trabalho na plantação de cana. Ela não tem casa própria e gasta boa parte do salário pagando aluguel. “Hoje meus filhos que me ajudam”, diz.
Denominado “Os Emergentes dos Emergentes”, o estudo da FGV faz uma análise da evolução das classes sociais no Brasil durante a última década. De acordo com o trabalho, desde 2003, 50 milhões de pessoas – o equivalente à população da Espanha – juntou-se à classe média. Enquanto as classes D e E, que reúnem as famílias com renda domiciliar de até R$ 751, caíram 20% desde 2001, as classes A e B foram incrementadas em 3%. O estrato que mais ganhou reforços, no entanto, foi o da classe C, que cresceu 17% e hoje reúne 105,4 milhões de pessoas, representando 55% da população brasileira.
A FGV considerou como classe C as famílias com renda domiciliar entre R$ 1,2 mil e R$ 5.174. No Paraná, a cidade que reúne o maior porcentual de habitantes nessa faixa é Floraí, no Noroeste. Com uma população de 5,3 mil pessoas, o município tem 73,8% delas enquadradas naquela que pode ser classificada como a classe média. A cidade também detém o segundo menor porcentual de habitantes na classe E (2,81%), perdendo apenas para Entre Rios do Oeste.
Ao mesmo tempo em que assistiram à ascensão da classe média, os municípios que lideram o ranking da FGV viram cair a pobreza. Um levantamento realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) aponta que todos eles conseguiram reduzir o número de famílias consideradas pobres, aquelas com renda de até meio salário mínimo. Mais do que isso, as cidades se mantêm com porcentuais abaixo das médias estadual (18,4%) e nacional (27,6%).
Vetores
Para o economista Marcelo Côrtes Neri, que coordenou o estudo da FGV, esse fenômeno é resultado do encontro de duas vertentes: o crescimento continuado da economia e a redução da desigualdade. “Em outros momentos da história, nós vimos esses fatos acontecerem, mas de forma isolada. Hoje nós temos uma combinação rara. O bolo está crescendo com mais fermento”, ilustra. Mais do que a existência de programas sociais, ele aponta o aumento na criação de empregos formais como o principal vetor desse crescimento.
Professor de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Joilson Dias afirma que o acesso à educação é um dos fatores preponderantes na expansão da classe média. “Antigamente, só o marido trabalhava. Agora, o homem e a mulher têm seus empregos, aumentando assim a renda familiar. Isso faz com que as pessoas tenham uma rápida ascendência social”, avalia.
Classes A e B avançam
Enquanto municípios menores veem a classe média ganhar espaço, na cidade grande quem avança são as classes A e B. Segundo o economista Marcelo Côrtes Neri, que coordenou o estudo da FGV, Curitiba registrou maior crescimento entre as famílias mais abastadas do que na classe C. “A classe C ainda é maioria, mas o aumento na quantidade de habitantes das classes A e B ao longo dos últimos anos nos surpreendeu”, afirma.
Segundo o levantamento, Curitiba tem 577 mil moradores nas classes A e B, que correspondem a 33% do total de 1,7 milhão de habitantes. No ranking nacional, a cidade é a 10.ª colocada entre aquelas com mais moradores nas classes com maiores rendimentos. Aqueles que estão inseridos na classe C representam mais da metade da população, 53,2%.
No Paraná, depois de Curitiba, aparecem Maringá e Londrina, que contam, respectivamente, com 24,5% e 21,6% de habitantes nesse segmento. “Hoje a classe C é o Pelé da nossa economia, é quem move o mercado consumidor. Se o país mantiver o ritmo de crescimento, a tendência é que ela passe a ser a nova classe AB”, avalia Neri.
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