domingo, 5 de fevereiro de 2012

Preço do imóvel para vender dispara em relação a aluguel


Livia Wachowiak Junqueira
Direto de São Paulo

De um lado, crescente oferta de crédito para aquisição. De outro, aumento pequeno de unidades para locação. O resultado dessa equação é uma disparidade entre a alta dos imóveis à venda e aqueles para locação. Segundo o índice Fipe Zap, enquanto o preço médio da venda de imóveis residenciais na cidade de São Paulo aumentou 27% em 2011, os aluguéis subiram 14,5% no mesmo período.



"Nos últimos anos houve uma facilidade maior para a classe média conseguir crédito e o preço da prestação de um financiamento ficou muito parecido com o valor da locação", diz Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).



Outro fator que ajuda a entender esse descolamento entre o preço dos imóveis para vender e o valor dos aluguéis é que com uma residência cada vez mais cara, fica cada vez menos atrativo investir na aquisição para alugar.



"O investidor costuma pensar duas vezes antes de investir e costuma aguardar para ver se aluguéis vão subir", diz Pompéia, da Embraesp. Isso porque o retorno do investimento leva anos e está atrelado ao valor do aluguel cobrado do inquilino.



Outra consequência apontada por Pompéia é que os investimentos em imóveis acabam migrando para a compra de unidades na planta para vendê-los quando estiverem concluídos - momento em que há valorização pelo fato de ele estar pronto. "Neste momento, o investidor pode oferecer um valor mais baixo do que o cobrado pela incorporadora e, ainda assim, será mais caro do que o que foi pago na planta."



Lei do Inquilinato
Não só motivos econômicos são causas desse movimento. Segundo especialistas, a Lei do Inquilinato (Lei 12.112), que entrou em vigor em janeiro de 2010 "tirou atratividade" do aluguel. A principal mudança trazida pela nova regra foi reduzir o prazo de desocupação de imóveis cujos inquilinos estão inadimplentes. Antes de a lei vigar, uma ação de despejo demorava cerca de três anos - com o locador sem receber o pagamento do aluguel. A nova regra estabeleceu prazo de 15 dias para os despejos. "Com a nova lei, houve uma redução da procura para a locação", afirma Pompéia.



Tendências
A alta dos preços dos imóveis para venda deve arrefecer. Segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP) os aumentos de empreendimentos novos tendem a cair para 5% a 10% ao ano a partir de agora porque os preços praticados estão tornando-se inviáveis para muitos consumidores.



"A valorização será mais próxima do Índice Nacional da Construção Civil (INCC)", diz Celso Petrucci, economista-chefe do sindicato. "Quem estabelece o preço é o consumidor e a sua capacidade de pagamento, que é limitada." O INCC fechou 2011 com alta de 5,65%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



"O preço do metro quadrado para compra aumentou porque no Brasil os imóveis ainda tinham possibilidade de valorização", diz Roseli Hernandes, diretora da Lello Imóveis. "Esse 'boom' de aumento de preços em vendas passou. Agora a tendência é de valorização mais equilibrada."



Confira as variações na cidade de São Paulo nos últimos seis meses*
Venda
Jul/11 - 2,2% (mês) e 16,6% (acumulado 12 meses)
Ago/ 11 - 1,7% (mês) e 18,6% (acumulado 12 meses)
Set/11 - 2% (mês) e 20,9% (acumulado 12 meses)
Out/11 - 1,9% (mês) e 23,2% (acumulado 12 meses)
Nov/11 - 1,7% (mês) e 25,2% (acumulado 12 meses)
Dez/11 - 1,4% (mês) e 27% (acumulado 12 meses)



Locação
Jul/11 - 0,7% (mês) e 11,5% (acumulado 12 meses)
Ago/11 - 0,9% (mês) e 12,6% (acumulado 12 meses)
Set/11 - 0,2% (mês) e 12,8% (acumulado 12 meses)
Out/11 - 0,4% (mês) e 13,3% (acumulado 12 meses)
Nov/11 - 0,3% (mês) e 13,6% (acumulado 12 meses)Dez/11 - 0,8% (mês) e 14,5% (acumulado 12 meses)
*valores médios da pesquisa Fipe Zap considerando-se imóveis construídos (novos ou usados prontos para uso) com um dormitório ou mais

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