Atualizado: 07/04/2012 09:27
Cachoeira tinha apoio de policiais e delegados da PF
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Além de elos com políticos, a organização criminosa comandada
pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha sob suas
ordens dois delegados da Polícia Federal e 30 policiais militares, que vazavam
informações privilegiadas e driblavam até a ação da Força Nacional de Segurança,
quando atuava na repressão a jogos ilícitos em Goiás e nos arredores de
Brasília.
De acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que levou
o contraventor - acusado de comandar uma rede de jogos ilegais - à prisão em
fevereiro, R$ 200 mil teria sido o valor pago por Carlinhos Cachoeira para
contar com os serviços do delegado da Polícia Federal Fernando Antonio Heredia
Byron Filho, também preso na operação.
Byron integrava o time de interlocutores de Cachoeira que, como
o senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO), se comunicava com o contraventor
por meio de aparelhos de rádio Nextel habilitados no exterior para tentar
escapar de escutas telefônicas. Seu papel era garantir a exploração de máquinas
de caça-níqueis, vazar e direcionar investigações, a pedido de Cachoeira, a quem
se refere como 'guerreiro velho'. O contraventor o chamava de 'doutor'.
Em agosto do ano passado, Byron prestou contas de um serviço
para o contraventor e aproveitou para pedir um adiantamento de dinheiro para
pagar um apartamento. A conversa telefônica foi interceptada pela operação Monte
Carlo. A outro delegado da PF preso na operação, Deuselino Valadares dos Santos,
o preço pago por Cachoeira foi bem mais alto.
Conhecido na organização como 'Neguinho', Deuselino Valadares
foi cooptado quando chefiava a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da
Superintendência da Polícia Federal em Goiânia. Auditores fiscais atestaram
enriquecimento do delegado, incompatível com os rendimentos declarados ao Fisco.
Em 2011, ano em que foi afastado do cargo, Deuselino e sua mulher, Luanna Bastos
Pires Valadares, teriam comprado à vista uma fazenda no município de Juarina, no
Tocantins, por mais de R$ 1 milhão.
As investigações mostram que Carlinhos Cachoeira mantinha
esquema de contatos políticos e com agentes da área de segurança, para garantir
prosperidade aos seus negócios. Demóstenes Torres transitou nos dois grupos. Do
esquema do contraventor também fariam parte seis delegados da Polícia Civil e 30
policiais militares.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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